A noite é de sombras,
mas não de trevas.
Sombras que não assombram.
Sombras de discernimento,
um verdadeiro alento
para o corpo presente,
que, sem conflito,
dialoga com a mente.
Um repouso no breu
é o que me basta
para ser nas sombras
o brilho do meu próprio eu.
Os pingos de espinhos no coração
são convites ao recolhimento,
a conhecer melhor
cada cantinho inexplorado por dentro.
Como tortura,
cada covarde gota em riste
persiste
em fazer crescer a abertura
do sofrimento
ao ter a lembrança amarga
da carga de um beijo doce,
como se menino ainda fosse.
O amor é tão simples
quanto a simplicidade
da palavra "simples"
e a beleza da sonoridade
da palavra "amor".
Amar está sob camadas.
Pessoas amadas
estão além das fachadas.
O amor vive aquém do status,
das marcas,
pra lá das superficiais
impressões sociais.
O amor é o sentir
que o encontro com esse alguém
é uma viagem de volta pra casa,
e, juntos, bater asas
mundo a dentro
em homenagem
ao simples sentimento.