Carência
- Bruno Lara
- 7 de ago. de 2022
- 1 min de leitura
A gente é carente
mas tem hora que é bravo.
É bravo, mas tem coração,
às vezes de pedra,
outras, de manteiga.
Quem tem coração, chora
e quem chora não guarda,
leva embora,
recicla ou joga fora.
Quem deixa ir
entende o processo
permite a vida fluir,
a mente descansar
e o corpo aos afetos se entregar.
Afeto não é bom nem mau,
é o que afeta.
Não há como não ser afetado.
Somos transpassados
o tempo todo
de lado a lado,
de cima a baixo.
O afeto sempre existe.
O que não existe é a indiferença,
o vácuo de emoções,
a renúncia de sensações.
A gente é carente,
sofre, desconfia, se entrega,
frustra, apega e desapega,
vive o amargo e o doce.
Mas o que seria da gente
se não fossem
a satisfação e a falha,
o suor de cada batalha,
a recompensa da medalha
ou mesmo a sabedoria
de quando jogar a toalha?
A gente é carente
porque não teria
como ser diferente.
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