Remando
- Bruno Lara
- 27 de mar. de 2022
- 1 min de leitura
Tive dores.
Quem diz que não teve, mente.
Tive dores
do corpo, da alma e da mente.
As carrego ainda hoje
e elas me carregaram até aqui.
Por medo delas, remei como louco.
Não superei todas, é verdade,
melhorei um pouco.
Nada que me dê a sonhada liberdade,
mas aprendi a transformar dores em flores.
Dores batem, ensinam humildade,
diluem a vaidade.
Flores acariciam,
prenunciam a felicidade.
Ainda tenho medo de sentir
as dores que um dia eu sofri.
Continuo remando,
ainda como louco,
fingindo não estar cansado,
para chegar onde faz sentido,
onde existe a verdade
e estar em paz comigo.
Remo para que ali
eu não tenha medo
e nem dor.
Remo para que o passado
não seja de nostalgia e rancor, no máximo de saudade
do frescor da jovialidade.
Que eu jamais perca o prazer de remar,
com ou sem remo,
e de apreciar a loucura
que me apresenta esse mar
do qual, esse sim, eu não temo,
embora também me traga a amargura como veneno.
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