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Remando

Tive dores.

Quem diz que não teve, mente.

Tive dores

do corpo, da alma e da mente.


As carrego ainda hoje

e elas me carregaram até aqui.

Por medo delas, remei como louco.

Não superei todas, é verdade,

melhorei um pouco.


Nada que me dê a sonhada liberdade,

mas aprendi a transformar dores em flores.

Dores batem, ensinam humildade,

diluem a vaidade.

Flores acariciam,

prenunciam a felicidade.


Ainda tenho medo de sentir

as dores que um dia eu sofri.

Continuo remando,

ainda como louco,

fingindo não estar cansado,

para chegar onde faz sentido,

onde existe a verdade

e estar em paz comigo.


Remo para que ali

eu não tenha medo

e nem dor.

Remo para que o passado

não seja de nostalgia e rancor, no máximo de saudade

do frescor da jovialidade.


Que eu jamais perca o prazer de remar,

com ou sem remo,

e de apreciar a loucura

que me apresenta esse mar

do qual, esse sim, eu não temo,

embora também me traga a amargura como veneno.

 
 
 

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