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Corte

  • Foto do escritor: Bruno Lara
    Bruno Lara
  • 14 de jul. de 2024
  • 1 min de leitura

O seu poder partir crava em mim

uma angustiante insegurança,

medo de que eu não aguente

o palpitar de um tolo coração,

ainda inocente, crente

de que possa existir o amor perfeito

moldado pra gente.

 

Mas o seu real partir,

ainda que me dobre num sofrer

como um profundo corte na carne sensível,

me dá a confiança de que a dor latejante

não precisa matar,

talvez queira apenas torturar.


Posso sobreviver ao martírio,

ser mais forte com a sua ausência

suspender esse infortúnio delírio

com um novo sentido para a minha existência.


Mas, já aprendi que há vida na morte.

O poder partir

nada mais é do que um poder reexistir,

o que não me faz necessariamente mais forte,

mas, sim, levemente mais leve.

 
 
 

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