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pilha de livros

Dom às 9

Poesia nova todo domingo de manhã

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  • Foto do escritor: Bruno Lara
    Bruno Lara
  • há 19 horas

A poesia existe.

Eu a sinto no concreto da calçada,

no orvalho do esverdeado campo vazio,

num meloso beijo apaixonado que desperta arrepio.

Existe na ardência do calor de um magma incendiário,

nas carinhosas palavras de um elogio.

A poesia existe.

Insiste em estar na boca mal educada do iletrado.

Existe poesia no que é dito,

no que é falado, escrito.

E mesmo só na intenção.

Existe poesia na ponta da língua,

na palma da mão.

A poesia abraça o sentimento,

a ideologia e até a razão, também.

A poesia já é, desde antes do Big Bang.

Antes do pensar

já há poesia.

A poesia é o marco inicial,

é o início de um vício

da mistura entre vida e literatura.

O resultado é a matéria primordial

que faz de tudo uma escultura

à altura da poesia.

 
 
 
  • Foto do escritor: Bruno Lara
    Bruno Lara
  • 23 de nov.

Me consola saber

que rirei do que já chamei de erros;

que, no fim, toda energia será em vão;

que o sentido de hoje

amanhã perde o sentido

e o tempo, sem piedade, devora

o valor do agora,

sem a mínima compaixão.

Me consola saber

que só me resta

o que me resta.

E se não restar,

não há motivo para me preocupar.

Farei questão de ovacionar os meus erros,

os meus sentidos e a minha energia.

Tudo isso foi o meu remédio

contra a monotonia.

E o que me restou

foi exatamente o tédio.

 
 
 
  • Foto do escritor: Bruno Lara
    Bruno Lara
  • 16 de nov.

As palavras não saem de mim,

sou eu quem saio das palavras.

Eu não as pronuncio.

Sou só um som,

um anúncio vibrante das amantes letras

que me usam,

por ora, abusam,

indiferentes ao que sinto,

se é que o sentimento me é próprio.

Quando estou desorientado,

são elas, as palavras,

que estão sem sentido,

descombinadas,

inaptas em me expressar.

As palavras que te cortam,

ceifam primeiro a mim.

E as que te bendizem

me regeneram também.

Sou só um alguém

vítima do texto e do contexto

que só quer viver bem.

Sem as palavras,

eu sou um ilustre ninguém.

 
 
 
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