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Dom às 9
Poesia nova todo domingo de manhã
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Resto
Me consola saber que rirei do que já chamei de erros; que, no fim, toda energia será em vão; que o sentido de hoje amanhã perde o sentido e o tempo, sem piedade, devora o valor do agora, sem a mínima compaixão. Me consola saber que só me resta o que me resta. E se não restar, não há motivo para me preocupar. Farei questão de ovacionar os meus erros, os meus sentidos e a minha energia. Tudo isso foi o meu remédio contra a monotonia. E o que me restou foi exatamente o tédio.
Bruno Lara
23 de nov.
As palavras
As palavras não saem de mim, sou eu quem saio das palavras. Eu não as pronuncio. Sou só um som, um anúncio vibrante das amantes letras que me usam, por ora, abusam, indiferentes ao que sinto, se é que o sentimento me é próprio. Quando estou desorientado, são elas, as palavras, que estão sem sentido, descombinadas, inaptas em me expressar. As palavras que te cortam, ceifam primeiro a mim. E as que te bendizem me regeneram também. Sou só um alguém vítima do texto e do contexto
Bruno Lara
16 de nov.
Volta
O nada é frio, um lugar quieto e vazio à espera, mas satisfeito. O tudo é quente e desordenado. O nada é pacato e amistoso. O tudo é ansioso e ingrato, descontente. Quanto mais tem, mais ambiciona. O nada não tem mania. A mania do tudo é a de grandeza. Do nada surgiu a vida e o que não é vida na própria vida. O tudo deve ao nada. O nada em nada deve ao tudo. O nada não anseia, mas uma coisa tem: a paz. O tudo, tudo o que não tem é exatamente a bendita paz. Um dia, o tudo volt
Bruno Lara
9 de nov.
Camuflagem
Diga "sim" pra mim. Diga do seu manso jeito, em português, grego ou latim, ou diga "sim" sem palavras, diga em poesia com aquele olhar em maestria com o qual tu me envolveste neste lugar inseguro de uma pré-definição da nossa quase relação. Sua vaga linguagem é uma camuflagem para o "talvez sim" eclipsar o inevitável "não".
Bruno Lara
2 de nov.
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